Homenagem a Eurípedes Barsanulfo - Apontamentos Bibliográficos
- euripedesaju
- 1 de nov. de 2020
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Fonte: União Espírita Mineira <https://www.uemmg.org.br/biografias/euripedes-barsanulfo>
Eurípedes Barsanulfo nasceu em Sacramento, na região do Triângulo/Alto Paranaíba, Estado de Minas Gerais, em 1º de maio de 1880. Filho de Hermógenes Ernesto de Araújo e Jerônima Pereira de Almeida, manifestou bem cedo profunda inteligência e senso de responsabilidade, acervo conquistado naturalmente nas experiências de vidas pretéritas.
Ainda bem moço, porém muito estudioso e com tendências para o ensino, foi incumbido pelo seu mestre-escola de ensinar aos próprios companheiros de sala de aula. Respeitável representante político de sua comunidade, tendo participado ativamente da fundação do jornal Gazeta de Sacramento e do Liceu Sacramentano. Logo, viu-se guindado à posição natural de líder, por sua segura orientação quanto aos verdadeiros valores da vida.
Por meio de um dos seus tios, Mariano da Cunha (Tio Sinho) - de quem recebeu de presente o livro Depois da Morte, de autoria de Léon Denis -, Eurípedes tomou conhecimento da existência dos fenômenos espíritas e das obras da Codificação Kardequiana. Mariano fazia parte do grupo de pessoas que estudavam o Espiritismo na fazenda Santa Maria, propriedade localizada a cerca de 14 km de Sacramento.
Eurípedes desliga-se da congregação Vicente de Paulo, colocando à disposição o cargo de secretário da Irmandade. Voltou totalmente suas atividades para a nova Doutrina, pesquisando e estudando, por todos os meios e maneiras, até desfazer totalmente suas dúvidas. Em poucos dias, começou a sofrer as consequências de sua atitude incompreendida por familiares e amigos. Persistiu lecionando e, entre as matérias, incluiu o ensino do Espiritismo, provocando reação em muitas pessoas da cidade, sendo procurado pelos pais dos alunos, que chegaram a oferecer-lhe dinheiro para que voltasse atrás quanto à nova matéria e, ante sua recusa, os alunos foram retirados um a um.
MEDIUNIDADE
A mediunidade de Eurípedes desenvolveu-se de forma notável, espontânea e multiforme, como só acontece com espíritos especialmente preparados para isto e que tenham uma missão especial, como a dele. Desdobramento, vidência, psicofonia, psicografia, curas, efeitos físicos, receituário foram surgindo e se tornando habituais em sua vivência.
A todos Barsanulfo atendia saíam, com no mínimo, o lenitivo da fé e a esperança renovada. A capacidade de desdobramento era tão comum em sua vida, que atendia enfermos que se encontravam em outros locais, entrando em transe e indo, em espírito, aonde estes se encontravam.
ESPIRITISMO E TRABALHO NO BEM
Sentindo a necessidade de divulgar o Espiritismo, Eurípedes fundou o Grupo Espírita Esperança e Caridade, no ano de 1905, passando a desenvolver trabalhos interessantes, tanto no campo doutrinário, como nas atividades de assistência social.
Algum tempo depois, sob a orientação de Bezerra de Menezes, fundou a Farmácia Espírita Esperança e Caridade, que era totalmente gratuita e cuja manutenção fazia-se com o salário do moço e com a ajuda espontânea de confrades abastados.
No dia 1º de abril de 1907, Eurípedes fundou o Colégio Allan Kardec. A instituição se tornou verdadeiro marco no campo da educação, ensinando, entre outras disciplinas, Astronomia e Fundamentos da Doutrina Espírita.
O educandário tornou-se conhecido em todo o Brasil, tendo funcionado ininterruptamente desde a sua inauguração, com a média de 100 a 200 alunos, até o dia 18 de outubro, quando foi obrigado a fechar suas portas por algum tempo, devido à grande epidemia de gripe espanhola que assolou nosso país.
Entre 1907 e 1912, Eurípedes Barsanulfo foi vereador de Sacramento. Trabalhou, e muito, em benefício da comunidade.
PERSEGUIÇÃO
Fortalecia-se o Movimento Espírita na região e esse fato incomodava sobremaneira o clero católico, passando este, inicialmente, de forma velada e logo após, declaradamente, a desenvolver uma campanha difamatória contra Eurípedes e o Espiritismo. Barsanulfo, por sua vez, defendeu suas ideias por meio das colunas do jornal Alavanca, discorrendo principalmente sobre o tema: "Deus não é Jesus e Jesus não é Deus", com argumentação abalizada e incontestável.
Diante dos acontecimentos, a Igreja enviou a Sacramento, direto de Campinas, Estado de São Paulo, o Reverendo Feliciano Yague, famoso por suas pregações e conhecimentos, convencida de que as argumentações e convicções dele infringiriam o golpe derradeiro no Espiritismo. E foi assim que o referido padre desafiou Eurípedes para uma polêmica em praça pública, aceita e combinada em termos.
No dia marcado, o padre Yague iniciou suas observações insultando o Espiritismo e os espíritas: "doutrina do demônio e seus adeptos, loucos passíveis das penas eternas"; era um testemunho público do ódio e demonstração de intolerância e sectarismo.
Eurípedes, por sua vez, aguardou serenamente a oportunidade de falar, iniciando com uma prece sincera, humilde e bela, implorando paz e tranquilidade para uns e luz para outros, tornando o ambiente propício para inspiração e assistência do plano maior e, em seguida, iniciou a defesa dos princípios nos quais se alicerçavam seus ensinamentos.
Com delicadeza, lógica, e dando vazão à sua inteligência, descortinou os desvirtuamentos doutrinários apregoados pelo Reverendo, e foi corroborado pela manifestação alegre e ruidosa da multidão. Ao terminar a famosa polêmica e reconhecendo o estado de alma do Reverendo, Eurípedes aproximou-se dele e abraçou-o fraterna e sinceramente.
DESENCARNE
Eurípedes Barsanulfo seguiu com dedicação as máximas de Jesus Cristo até o último instante de sua vida terrena, por ocasião da pavorosa pandemia de gripe espanhola que assolou o mundo em 1918, ceifando vidas, espalhando lágrimas e aflição, redobrando o trabalho do grande missionário, que a previra muito antes de invadir o continente americano, sempre falando na gravidade da situação que ela acarretaria.
Vitimado pela referida doença, Barsanulfo desencarnou às 18 horas do dia 1º de novembro de 1918, aos 38 anos de idade, rodeado de parentes, amigos e discípulos. Manifestada em nosso continente, a gripe veio encontrá-lo à cabeceira de seus enfermos, auxiliando centenas de famílias pobres. Havia chegado ao término de sua missão terrena. Em verdadeira romaria, Sacramento em peso acompanhou-lhe o corpo material até a sepultura, sentindo que ele ressurgia para uma vida mais elevada e sublime.
Há quem afirme que Eurípedes, conhecido como o "Apóstolo do Triângulo", fora a reencarnação do escravo Rufo, um cristão praticante que aparece no livro Ave Cristo, de Emmanuel, psicografia de Chico Xavier.
Eurípedes deixou uma história rica, humana e profunda. Continua ele sendo, no Plano Espiritual, um dos maiores missionários do Espiritismo.
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